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Dengue

Dengue: população em situação de rua está vulnerável ao Aedes aegypti

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Sem acesso à distribuição de repelentes e fumacê, esta população se torna mais exposta à infecção pelo mosquito transmissor da dengue. Equipes de abordagem social do governo do DF acompanham, orientam e encaminham moradores de rua às UBS

 
Matéria de Naum Giló e Giulia Luchetta / Correio Brasiliense
 

Em meio à epidemia de dengue que assola o Distrito Federal, as pessoas em situação de rua ficam ainda mais vulneráveis ao adoecimento. Segundo informações da Secretaria de Saúde (SES-DF), não há distribuição de repelentes para qualquer grupo populacional da capital, o que deixa quem mora nas ruas sem acesso ao cuidado primário contra o mosquito Aedes aegypti. Ainda que os profissionais de saúde da atenção primária recebam treinamentos para orientar a todos sobre os sinais e sintomas, não há documento que estabeleça trabalho conjunto entre a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) e a SES/DF especificamente no combate à dengue.

Segundo o governo do Distrito Federal, a população em situação de rua é acompanhada pelas 28 equipes de abordagem social, como parte de políticas intersetoriais entre a Sedes e Secretaria de Saúde. Em nota, a SES-DF ressalta que as sete equipes de Consultório na Rua (eCR), responsáveis por atender a essa população, estão capacitadas para identificar casos de dengue (veja Consultórios na Rua). A assistência, segundo informou a secretaria, é feita “de forma itinerante, mas integrada às Unidades Básicas de Saúde (UBS), articulando os encaminhamentos necessários”. A pasta frisa que mesmo as pessoas que não portarem documentos podem ser atendidas nos locais.

Sem acesso

Alexandre Barbosa Camelo, de 45 anos, mora de forma improvisada em frente ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), na 903 Sul, junto com outras pessoas em situação de rua, em barracos feitos com madeira, papelão e plástico. Ele conta que nunca foi procurado por equipes da Saúde.

“Não temos repelente e o fumacê nunca passou por aqui. Há poucos dias, consegui levantar da cama, mas passei três acamado por conta da dengue e não tive acesso a serviço de saúde”, relatou Alexandre, cuja situação é agravada pela deficiência visual. Antes de adoecer, Barbosa diz que não recebeu orientação de como se cuidar na crise sanitária. “Nem panfleto”, reclamou. “Aqui, todo mundo pegou dengue.”

Lucas Winder Dias, de 27 anos, também mora em frente ao Centro Pop da Asa Sul e disse que conhece três pessoas que estão com dengue no momento. “E o governo nada tem feito para nos ajudar”, lamentou. Ele contou à reportagem que os conhecidos não conseguiram buscar ajuda.

 

Faltam dados 

A carência de dados sobre a incidência da dengue reforça a invisibilidade social a que esse grupo está submetido. De acordo com o último Censo Distrital da População em Situação de Rua, há 2.938 pessoas vivendo nessa condição na capital federal. A pesquisa, realizada em 2022 pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), não registrou os casos de dengue entre moradores de rua. Há previsão para que o censo seja atualizado neste ano, mas o IPEDF afirmou à reportagem que mensura apenas ocorrências de doenças crônicas nessa população, como forma de subsidiar políticas públicas específicas.

Apesar disso, o censo mostra que 728 pessoas habitam as ruas do Plano Piloto, região com maior concentração de moradores de rua do DF. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado na última segunda-feira, os casos de dengue na área central de Brasília dispararam 613,1% em comparação com o ano passado, com 2.182 ocorrências registradas.

No geral, há 100.558 casos prováveis da doença desde o início de 2024. Na última semana, foram mais 19.150 casos no DF. O documento também traz a confirmação de 55 óbitos desde o início do ano, além de outros 82 em confirmação. De acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde da SES-DF, Fabiano dos Anjos, a epidemia de 2024, sem precedentes, reflete a tendência global de aumento de casos, em parte decorrente das mudanças climáticas que favorecem a replicação do mosquito. Na América Latina, além do Brasil, 11 países registraram aumento no número de casos, como Argentina, Paraguai, Peru e Colômbia, além do território da Guiana Francesa.

Equipes de consultórios nas ruas (eCR)

Asa Norte: atende as regiões da Asa Norte, Vila Planalto, Lago Norte, Varjão, e Eixo monumental (incluindo a rodoviária do Plano Piloto);

 

Asa Sul: atende as regiões da Asa Sul e Vila Telebrasília (incluindo rodoviária interestadual), Cruzeiro, Sudoeste/Octogonal e Lago Sul;

Centro-Sul: atende as regiões da Candangolândia, Estrutural, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA);

Sul: atende as regiões do Gama e Santa Maria;

Leste: atende as regiões do Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico

Oeste: atende as regiões de Brazlândia e Ceilândia;

Sudoeste: atende as regiões de Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires.


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